Bem vindos

Acabou de entrar numa Zona Iscspianista, caso não seja iscspianista, vírus horrorosos vão entrar pelo computador, subir pelas teclas, entrar nos dedos e caminho aberto para o Cérebro... acéfalos estão a salvo...(Há muitos por ai:)

sábado, 28 de abril de 2007


Exclusivo d’ “O Encoberto”


Enquanto que uns jornalecos anunciam que a cadeira de Inglês técnico do nosso PM foi passada com um trabalho de duas páginas e meia, enviado por fax depois da suposta conclusão da licenciatura, “O Encoberto” foi mais além. O menino Zézinho (como chamavam o Eng…. o Dr.… o José Sócrates na altura) concluiu a quarta classe por meio de uma conversa telefónica que teve com a Prof. A conversa durou 10 minutos e o Zézinho limitou-se a dizer que conhecia tabuada. Tentamos confrontar o nosso PM com estas afirmações. Sócrates limitou-se a dizer que ainda hoje sabe dizer a tabuada pelo menos até à do 7. Esteve porém mais ou menos, 9m e 36 segundos a enaltecer a importância do Encoberto para o País.


Sua, Maria Albertina.

E-mail do Iscspianista, “Onde está o descontentamento”

Vamos à verdadeira questão: quantos de vós, alunos, está descontente com o Processo de Bolonha no nosso Instituto? Quem sabe o que é o Processo de Bolonha e como se processa? Querem realmente os 3 anos? Ora, isto são as verdadeiras questões que devemos colocar a nos próprios. Quantos de nós afirmamos uns para os outros que estamos descontentes com Bolonha no nosso instituto.
Mas o que realmente interessa é quantos de nós estão dispostos a fazer qualquer coisa contra Bolonha. Não falo em manifestações ruidosas, quase sempre circos (já participei nelas sim, mas são muito barulho e pouco progresso). Falo em mostrar o descontentamento com o Bolonha, manifestações silenciosas. Promover uma campanha de protesto silenciosa, onde os alunos vão à faculdade mas não vão as aulas (e muitos de nós sabem fazer isto), mas eu não digo alguns, falo na maioria. Outra forma de protesto seria conseguir mobilizar os alunos a não pagarem as restantes prestações das propinas, até o nosso instituto contra uma Bolonha que aos alunos não interessa. Mas tudo seria feito unilateralmente pelos alunos, dentro do instituto, para não denegrir ainda mais a imagem. E Professores que se queiram juntar, sejam bem vindos.
Agora vem a verdadeira questão: e conseguir mobilizar a maioria dos alunos, principalmente o 1º ano de todas as licenciaturas? Ora antes de mais, os órgãos de gestão devem funcionar para aquilo que realmente foram eleitos, fazer prevalecer a vontade geral dos alunos, e não as suas vontades individuais, por isso órgãos de gestão, foram eleitos, agora trabalhem. Acções de sensibilização, de esclarecimento, mobilização de alunos. Mas não é só órgãos de gestão, a Associação de Estudantes neste ponto é de extrema importância também, pois também possui grande capacidade de mobilização. Mas agora outra questão se levanta: terão estes dois órgãos de representação estudantil vontade em agir e uma capacidade reivindicativa real para tal? Resta esperar…Há várias formas de protesto…se elas vão em frente tudo depende da vontade da massa estudantil em se unir em bloco e pressionar…em vez de agirem individualmente…e desculpem a expressão “a comerem-se uns aos outros”…
Em relação à assinatura, não fiquem espantados, pois eu creio que vivemos em democracia, há liberdade de expressão…talvez muitos de vós devessem seguir o exemplo…

Ass: Alfredo Miguel de Jesus Fernandes
(outrora assinei com o pseudónimo “A.D.”, neste mesmo jornal um artigo de nome
“Ensino universitário – o que se pretende?”)

E-mail do Iscspianista, “Mais da mesma coisa”

A realidade tal como se apresenta não é mais a mais valia do ser, mas é correntemente encarada como a pronúncia de um bem maior para a validade das crenças que mais convêm. É fácil esconder a completa incapacidade de uma compreensão concisa de algo, por entre os eruditismos baratos da linguagem e jogar ao desbarato princípios formadores, como se estes assim completassem as lacunas da mente e da alma, que intervêm directamente na percepção do indivíduo.
O homem vive por opção, enclausurado na sua visão conceptual do mundo, que restringe o âmbito do ser a um antro da sua própria podridão e decadência dos seus ideais, em prol de um bem parecer ou de um bem mau querer. A visão conceptual de cada indivíduo não deverá, nem poderá ser usada para limitar o ser. Facto comprovado é que tudo o que não evolui faz parte do passado e nunca do presente. Na política nacional, no meio académico português, no dia à dia, e especialmente no I.S.C.S.P., vive-se mandando fumo para os olhos de quem observa, de quem analisa, de quem vive com isso. Ao invés de se concentrarem os recursos na criação de opções, no trabalho, na procura incessante de conhecimento, sem qualquer senão, adoptam-se as meias medidas, as meias verdades e o embelezamento do lixo em que se traduzem as acções meias acabadas. Desde que gregos e troianos estejam contentes, não existe problema. Deverá o português continuar a remeter-se exclusivamente às inclinações dos velhos hábitos? Como ficar pávido e sereno, quando destroem à nossa frente tudo o que nos é caro, tudo o que nos custará a nossa formação, o nosso viver, a nossa maneira de encarar o mundo, o nosso futuro? Face às evidências é tentador querer seguir-se por uma linha intelectual niilista. Abaixo a tradição conceptual desactualizada e ineficaz, que encara a não produção como normalidade.
Que bonito é ter-se um titulozinho antes do nome a nada fazer. Com tantos Doutores, Catedráticos, Agregados, nesta faculdade, como é que um processozinho de reestruturação de licenciaturas (licenciaturas que supostamente fazem parte do campo de saber destes senhores) causa tanta confusão? Pois digo-vos, Srs. Professores Catedráticos Doutores… bla bla bla… Com tanta cunha, tanto deixa andar, tanto olhar para outro lado, tanta suposta opulência intelectual, tanto lambebotismo, tanto empobrecimento de valores, o vinculo que liga o nosso Instituto apodreceu.
Fartos estamos nós de andar ao sabor de uma maré curricular suicida, e sem um rumo concreto. No meio do que poderia ser uma evolução positiva e bem orientada dos nossos cursos, vimo-nos emersos num diz que disse, sabe que não sabe, a culpa é do outro… têm que esperar porque a situação é mais complexa do que parece… Balelas… A verdade nua e crua (na minha opinião) é que a maioria é Incompetente!!!!! São incompetentes os que não sabem e metem-se onde não se devem meter. São incompetentes os que sabem e não se metem. São incompetentes os que não se mexem. São incompetentes os que ao invés de apresentar soluções, apontam simplesmente problemas. São incompetentes os que para avançar a sua “posição” dizem sim sr. e encostam-se pelos cantos a reclamar. São incompetentes aqueles que usam Bolonha para garantir os seus postos de trabalho. São incompetentes aqueles que ainda não se aperceberam que num estabelecimento de ensino como é o nosso Instituto, os alunos são IMPORTANTES e os professores SECUNDÁRIOS.

eXtreme.

“Sun Tzu, adaptado”

Este artigo é uma tentativa de adaptar o pensamento estratégico de Sun Tzu, presente na “Arte da Guerra”, para o dia a dia do aluno Iscspianista. De modo a que a nossa passagem pelo sistema de ensino seja o mais proveitosa possível, é necessário estabelecer um “plano de ataque”, coerente e bem estruturado.
Começaremos pelos 5 factores constantes, tidos por Tzu como importantes aquando das nossas deliberações. A lei moral, o céu, a terra, o comandante, o método e disciplina. A lei moral – esta deverá ser encarada como o princípio da harmonia, que provoca uma total consonância entre o povo e o governante; fazendo a adaptação necessária, podemos considerar que dentro de um sistema composto por vários actores, é uma mais valia para cada individuo uma total consonância com os restantes. Segundo este factor o uso de imperativos morais (uma moral Kantiana :) nas acções individuais, possibilita essa “adesão” dos colegas ao individuo (facilitando o caminho para a cooperação entre colegas). Tzu acrescenta, um líder perfeito cultiva a lei moral e adere estritamente a essa. O céu – este factor refere-se ao quente, frio, estações, etc. Consideraremos este factor como a influência do ambiente no Homem. Por muito irrelevante que pareça, o ambiente que nos rodeia influência directamente o nosso dia a dia e a maneira como interpretamos e processamos informação. Ter em conta este factor aquando da elaboração de um plano de estudos ou de uma confrontação com um colega ou Prof., servirá com certeza para alguma coisa… A Terra – Neste factor está implícita a necessidade de ter em conta as distâncias ou acessibilidades; nem será preciso mencionar, que equacionar a relação distância-tempo, na nossa rotina diária é importante para poder maximizar o tempo disponível (ir para o café, sair à noite, estar com os amigos, ver TV e pronto… estudar:). O Comandante – Representado pelas virtudes da sabedoria, da sinceridade, da benevolência, da coragem e da firmeza, que na nossa adaptação estão orientadas para o indivíduo (aluno); este conseguir ou não tentar viver segundo estas. As virtudes mencionadas são um “pacote”, pois para ter o maior proveito de cada uma destas virtudes, é necessário possuir as outras. Também não é preciso encarar estas virtudes de forma filosófica ou inatingível, a sua concepção mais básica (mesmo a nível do senso comum) é sempre o ponto de partida.
O método e disciplina – Embora em Tzu as patentes, treinos e divisões militares sejam as visadas, numa adaptação directa, focamos nos recursos de cada um, bem como a sua estruturação e disciplina de estudo. Conseguir estabelecer um método de estudo consistente, é como se costuma dizer, “meio caminho andado”.
Ter consciência de quais os factores mais propícios para o cumprimento desse método é uma questão de bom planeamento :) Se nas suas deliberações diárias, um individuo tiver como base estes factores, de modo a poder determinar a sua situação, as opções tomadas serão as mais acertadas. Há que ter em conta que a flexibilidade também é uma mais valia, pois os nossos planos deverão ser alterados de acordo com as circunstâncias favoráveis que se nos apresentam (por ex. no caso dos trabalhos).
Os pontos que se seguem nos conselhos de Tzu, são referentes à batalha em si e convêm-nos reter alguns. Toda a guerra é baseada no engano, ou seja as considerações erróneas dos opositores em relação ao indivíduo, são para vantagem própria. Criar o elemento surpresa num ataque, lançar engodos, aproveitar as fraquezas… Nos nossos campos de batalhas (as aulas e exames), também poderemos usar alguns destes conselhos. Saber em que área está um professor mais a vontade, quais os pontos que ele(a) mais gosta ou que tipo de orientação intelectual tem, jogam em favor dos alunos e repercute-se nas notas. É necessário preparar o discurso (oral ou escrito) de modo a que o ponto de manejo da ideia passe da discrição de um professor, para o que o aluno lhe providência. Usar o engano para fazer transparecer mais conhecimentos do que aqueles que o aluno possui é uma técnica muito utilizada. Por exemplo, inserir num exame umas citações, umas menções de livros ou artigos, para dar “corpo” ao texto e mais “mente” a quem o escreve. E não, não é necessário lê-los a todos! Basta orientar a atenção do Prof. para fora do que não interessa. Costuma resultar ter-se uma ideia do que estamos a introduzir, pois um prego aqui e ali mantém a coisa com uma consistência agradável.
Tzu fala na necessidade de uma correcta avaliação do custo-beneficio em função do tempo despendido. No exemplo directo dos exames, isto significará que 10 páginas podem valer menos que 3, ou seja “não é o tamanho, é o que se faz com ele”. O grande objectivo deverá ser o conteúdo e a sua estrutura lógica, não os textos prolongados. Tzu disse que combater e vencer todas as batalhas não é a excelência suprema, essa consiste em quebrar a resistência do inimigo sem combater. As aulas são o terreno perfeito para quebrar a resistência dos Prof’s às boas notas. Chegar ao exame e combater por uma nota não chega. Quebrar a resistência através de uma participação activa nas aulas, amolece (regra geral) os Prof’s.
Há porém um conselho de Tzu que poderia ser aplicado não ao aluno mas à comunidade estudantil: - “Podemos formar um único bloco, enquanto que o inimigo terá de fraccionar. Assim, existirá um todo oposto a partes separadas de um todo, o que significa que seremos muitos contra poucos inimigos”…
See where I’m getting at?
João Ratão.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

We want You


Discsferenças


“O Encoberto” fala com o Prof. Maltez

O corpo editorial d’”O Encoberto” gostaria de agradecer ao Prof. Maltez, pela oportunidade que gentilmente nos concedeu de um “Mail to Mail Interview” ( em inglês fica sempre melhor , não fica?).
“O Encoberto” – O que acha de uma iniciativa como “O Encoberto”? E bebe ou não bebe Sumas de Ananol?
Prof. Maltez – Em tempos de nevoeiro, quando até os tecnocratas manipulam o processo de fabricação de desejados, planeando o D. Sebastião científico, através da do clientelismo e da encomendação feudal, nada melhor do que baralhar e dar de novo, com um pouco de criatividade, inconformismo e irreverência, sem medo de ter medo. Por isso, quando um colega me telefonou alarmado com a circunstância de um grupo de alunos, num jornal clandestino, me ter feito uma caricatura, eu me senti orgulhoso de viver numa instituição onde nem todos cantam o “lá vamos cantando e rindo”, transformando em mais valia criativa, aquilo que é a caricatura e a anedota que todos contam sobre os professores, como eu próprio fiz nos meus tempos de estudante. Apenas protestei porque, prefiro a “coca light”, embora compreenda que me tenham ligado a um produto português... Logo, aceitei o vosso pedido de entrevista, porque sei o risco que correm, quando os habituais espiões reciclados vos ligarem à minha pessoa, em nome de mais uma teoria da conspiração, forjada em locais misticamente clandestinos, onde uns dizem ser fascista, outros, maçónica, não faltando até os que falam no congreganismo jesuítico, embora me assuma como homem livre, adepto do liberdadeirismo, sempre contra a ignorância, a intolerância e o fanatismo, mesmo que seja pela revolta dos sem poder.
“O Encoberto” – O caos em que aparenta estar o processo de Bolonha no nosso Instituto, é simplesmente aparente ou estão a fazer muito pouco, tarde de mais?
Prof. Maltez – Direi que se houvesse caos, ainda poderia haver quem ousasse a perfeição, mesmo que fosse a da anarquia ordenada ou a da desordem bem organizada. O dito processo de Bolonha, esse conceito indeterminado ou cláusula geral que apenas serve para os detentores da via decretina a usurparem, constitui uma espécie de placebo a que alguns põem o rótulo de racionalidade importada e que confundem com uma chouriçada de “curricula” feitos a “copy and paste” a partir da “Internet”. Sobre a matéria, apenas direi que temos de submeter-nos para podermos sobreviver, mas que seria bom continuarmos a lutar para podermos viver como pensamos. Acrescentarei apenas que pôr o velho vinho azedo em pipas novas talvez apenas sirva para notarmos como ele vai azedar ainda mais. Tentem, por exemplo, a via dita da tutoria, que poderia ser aplicada imediatamente nos actuais mestrados e doutoramentos, acabando com os nossos decadentes segundos e terceiros graus que apenas funcionam porque ainda há clientela interna de assistentes à procura de progresso na carreira, mas reparem nos encargos financeiros que ela traz. Por exemplo, ninguém deveria poder inscrever-se num mestrado sem projecto de investigação prévio e sem nomeação de um tutor que interviria em todos os actos de exame, de acordo com um “menu” concertado, a fim de evitar que os
mesmos mestrados continuem a ser repetições dos cursos de licenciatura. Por outras palavras, quem não reparar que precisamos de urgentes medidas de salvação pública, face ao número significativo de alunos que abandonam as graduações, depois de nelas terem entrado, e perante o decréscimo dramático nas inscrições nos mestrados, está a hipotecar o futuro da escola, mesmo que fique encantado com os belos anúncios e os excelentes cartazes da propaganda, esquecendo-se que os padrões de avaliação já não dependem do anterior crivo.
O Encoberto” – Muitos alunos já tiveram aulas neste Instituto com Prof’s que aparentemente não reconhecem a palavra pedagogia, como fazendo parte da língua portuguesa e esqueceram-se que um Prof. é na verdade um professor (na verdadeira acepção da palavra). Já ouviu falar deste problema no nosso Instituto?
Prof. Maltez –Muitos vêem, ouvem e lêem, mas preferem ignorar e esperar pela próxima reunião do Conselho dito Pedagógico, onde, felizmente, a cultura herdada do nacional-porreirismo do Professor Pereira Neto foi elevada a hipérbole nos tempos que correm, especialmente num país onde a avaliação das competências de um professor, depende das bocas conjunturais, emitidas no efémero de uma reunião, e não de um sistema objectivo de avaliação que lhe forneça créditos para a própria carreira, bem como de um adequado regime contencioso interno de reclamação de notas. Sou adepto de outro modelo, radicalmente diverso. Que todos os professores nasçam de um concurso público, com prévias provas pedagógicas, e que o processo de carreira não dependa das lealdades louvaminheiras ou de pagamento de serviços eleitorais, mas dos critérios de uma sociedade aberta, pluralista e competitiva, que eliminem esta doença endogâmica e tribalista onde decadentemente nos embrenhámos.
“O Encoberto” – Considera que os nossos Prof’s, estão preparados para as exigências dos novos padrões de ensino?
Prof. Maltez –O problema tem que ser perspectivado fora da lógica do rebanho e dos discursos de música celestial em que somos excelsos. Também por cá há bons e maus professores e óptimos e péssimos processos de ensino, mas não podemos continuar a tapar o sol da concorrência com a peneira do mais do mesmo nem entrarmos na loucura decadentista que fez falir as universidades privadas que professores do ISCSP de outras eras em má hora fundaram, quando também se fingiu que qualquer professor doutor poderia ser especialista “out of área” e que, com promessas, todos os monitores poderiam por obra e graça de uma chouriçada decretina passarem a catedráticos, para gáudio de eternas promessas cinquentonas ou sessentonas que só eram reconhecidas nas quatro paredes da tribo. Por mim, abriria imediatamente concursos para professores auxiliares, onde posso enumerar muitos antigos alunos da casa, titulados pelas melhores universidades europeias, estabelecendo um efectivo regime de concorrência pela igualdade de oportunidades e pelo reconhecimento do mérito, através de um programa que não daria votos, mas que salvaria a instituição, mesmo sem alguns contratos automaticamente renovados. Do mesmo modo, permitiria que as unidades ditas científicas e pedagógicas passassem todas a ser geridas por detentores de título da especialidade para a área, aconselhando alguns colegas que abdicassem de tantas acumulações inevitavelmente inimputáveis, de tantas turmas a reger e a coordenar, de tantas orientações de teses e tantos cargos, que lhes devem dar compensações psicológicas, mas que fora deste quintal soam a gargalhada.
“O Encoberto” – Tendo em conta as várias reclamações que os alunos têm quanto a notas, maneiras de dar aula… parece-nos suspeito, haverem tão poucas (ou nenhumas) reclamações “oficiais”, pedidos de reapreciação de exame… Qual é para si a melhor opção? 1ª Os alunos são cobardolas 2ª Instalou-se no I.S.C.S.P.(e O.) um regime de medo (quase Salazarista… tipo faca e queijo na mão…) que impede os alunos de reagir. 3ª O Problema “não existe”.
Prof. Maltez –O problema existe porque a maioria sociológica de estudantes e professores tem os representantes que escolheu e que merece. A cultura do Estado de Direito e do entendimento da democracia como uma institucionalização dos conflitos ainda não se difundiu na cultura da instituição e, portanto, ainda dominam atavismos de Escola de Regime e do consequente micro-autoritarismo sub-estatatal, onde os antigos aparelhos de repressão se volveram em subsistema de medo, gerando este ambiente de servidão voluntária, plena de medos e de falsos temores reverenciais, filhos do velho absolutismo de facto de uma escola onde sempre tivemos “senhores directores” omnipotentes que nunca souberam o que era o princípio da separação de poderes, nesse ridículo autoritarismo bem expresso pela distribuição de gabinetes aos professores, onde basta irmos ao terceiro andar para vermos quem manda, isto é, quem está mais próximo do simbólico sítio de sua alteza. Em democracia pós-autoritária, o salazarentismo continua, mesmo que se pinte de neofascista ou de esquerda moderada ou revolucionária.
“O Encoberto” – Quais são para si as características de um bom professor universitário?
Prof. Maltez – Dar cada aula como se ela fosse um acontecimento que nunca se repete, dada por um ser que nunca se repete perante pessoas de alunos que também nunca se repetem e, para tanto, não ser um mero lente de fotocópias obtidas em resumos de bibliografia alheia, mas detentor de produção própria, nascida da mistura de adequada teoria com as circunstâncias do tempo e do lugar em que labuta. Por outras palavras, viver cada momento desta vida de professor como se ele fosse o último. Isto é, fazer desta profissão uma vocação e não um posto de vencimento ou um trampolim que nos dá cartão de visita ou trampolim para mais altos e bem remunerados cargos. Quem não tiver vocação para esta missão que a deixe! Acresce que esta exigência íntima impõe que as escolas sejam instituições, isto é, que tenham uma ideia de obra, que gerem manifestações de comunhão e que sejam reguladas por normas processuais que a todos vinculem, para que possam ser escolas de cidadania e de abertura para aquele transcendente situado a que damos o nome de cultura. Se transformarmos o professor num burocrata de uma direcção-geral da administração directa do Estado ou num esquema partidário, sujeito ao “spoil system”, não poderemos cumprir a missão civilizadora daquela entidade onde o essencial do homem ocidental é o sentido crítico do “ser do contra”, para depois poder ser qualquer outra coisa em coerência de pensamento e acção.
“O Encoberto” – O que recomenda para o I.S.C.S.P.(e O.) ?
Prof. Maltez –Que seja uma universidade, uma “universitas scientiarum” e que não caia na tentação politécnica que o levará ao suicídio, mesmo que os senhores directores e coordenadores ganhem imagem e trampolim. Que se liberte do tribalismo endogâmico e suicida, com muita música celestial, onde muda a retórica para que continue tudo na mesma. Que abra as portas e as janelas à sociedade, mesmo que apanhe constipações e que permita que os homens livres que aqui ainda permanecem deixe que a respectiva imaginação possa ter o poder a ajudá-los e não o contrário. Mas tenho medo que, nesta encruzilhada, regressem os fantasmas do “salve-se quem puder” e do “enquanto o pau vai e vem, folgam as costas”. Que não confessemos nossos antigos pecados saneadores, para irmos ao passado e recuperarmos as boas heranças que também temos, nomeadamente uma cultura de escola de proximidade e de “small is beautiful” que a presente doença do “Portugal dos pequeninos com a mania das grandezas” nos parece comprometer.
“O Encoberto” – Comentários finais Sr. Prof. O que gostaria de dizer aos alunos?
Prof. Maltez –Importa resistirmos para lutarmos contra o regime do mestre-escola e podermos salvar o pluralismo de paradigmas sem o qual deixaremos o campo da universidade. Importa compreendermos que, com mais de cem anos, já passámos quatro regimes e que não podemos estar dependentes do oportunismo e da conveniência dos que querem servir aquilo que julgam ser os novos senhores. Isto é, sermos humildes, transformando as nossas vulnerabilidades em potencialidades e evitando que as potencialidades se transformem em vulnerabilidades. Isto é, praticarmos a arte da estratégia, onde dizemos ser pioneiros, voltando ao sonho que move montanhas, mas com um pouco mais de aventura e pragmatismo, isto é, reconhecendo pecados passados, como os dos saneamentos por razões ideológicas e de invejas, onde foram afastados os mais competentes, à esquerda e à direita, sempre com inúmeros adjectivos de teoria da justificação, para que explodissem os cogumelos dos conformistas e “yesmen”. Uma escola que afastou Vitorino Magalhães Godinho, Hermano Saraiva, D. António Ribeiro, Martim de Albuquerque ou Luís Sá e ainda não se redimiu desse pecado, não pode continuar a viver em regime de teoria da conspiração explicativa, vendo manobras da maçonaria, do “opus dei”, dos comunas ou dos fachos em todos os cantos, só para que continuem a dominar os filhos de algo, mesmo que teologicamente benzidos, que já nem sequer nobreza têm. O segredo está na velha regra da igualdade de oportunidades, livre da encomendação feudal deste permanente regime de convidados para a mesa do orçamento. Não tenhais medo!

Vigiar exames

O acto de vigiar os exames não é parte do rol de situações problemáticas do I.S.C.S.P.(e O.). No entanto convenhamos que não há muito para saber, de modo a se poder vigiar um exame… Mas não saber nada também já é um exagero… Embora não seja prática corrente no nosso instituto, existem exames em que o(a) Prof. que vigia não é dessa cadeira. Como esperam que os alunos esclareçam as dúvidas? Sim, as dúvidas sobre a matéria ou as perguntas de um exame. Estes problemas surgem mesmo que um exame pareça o mais óbvio possível. Também acontece algumas vezes os eventuais papagaios que se põem a falar (ao telemóvel ou não) das saias da Maria Antonieta e não se calam… ficar uma hora e meia sem fazer nada é mau, mas Silêncio que isso desconcentra. Uma das situações que já passei num exame, foi um Prof. que fez um mapa da sala com os lugares dos alunos. Aparentemente este não é um exemplo único no Instituto. Pergunto-me, para quê o mapa? Não será isso um pouco de paranóia a mais? Talvez! Não sei.
Uma coisa tenho eu como certa. Se estes professores fossem tão “profissionais” e cuidadosos nas aulas não precisariam de se preocupar com o que eles se preocupam no exame.

Maria Albertina.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

domingo, 1 de abril de 2007

Este sim é um bom curso...:)