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Acabou de entrar numa Zona Iscspianista, caso não seja iscspianista, vírus horrorosos vão entrar pelo computador, subir pelas teclas, entrar nos dedos e caminho aberto para o Cérebro... acéfalos estão a salvo...(Há muitos por ai:)

segunda-feira, 26 de março de 2007

E-mail do Iscspianista, “Ensino universitário – o que se pretende?”

Procuramos o conhecimento. Não é apenas o “canudo” a catarse da vida de um estudante universitário, é todo o adquirir de conhecimento, “know-how”, sapientia, intelligentia, é a construção de novos preceitos conceitos mentais, estruturas de pensamento que muitas vezes se renovam. Mas neste processo é de extrema importância o contacto entre a comunidade de discentes e a comunidade de docentes, entre aqueles que querem aprender e os que podem dar o seu contributo no ensino, não digo dar as luzes, a iluminação como tantas vezes se afirma, pois somos nós próprios, enquanto estudantes que criamos as nossas luzes, mas a verdade é que os docentes representam um grande papel na construção do nosso pensamento. Mas é então que assistimos a que os discentes, grupo ao qual pertencemos, são avaliados discricionariamente, sem sentido racional, normas de avaliação comuns, e não por meros gostos pessoais como tantas vezes se aplica. Onde tantas e inúmeras vezes os docentes esquecem-se do seu dever para com a comunidade de discentes, que paga num ensino público cada vez mais privado – e onde os estudantes perdem cada vez mais o decision making power – para que a sua avaliação seja baseada em critérios comuns a todos os outros discentes de curso e turma, presentes na cadeira leccionada. Assistimos a um afastamento gradual entre o corpo de discentes e docentes, com os últimos a exercer o pleno poder sobre os primeiros. E assim torna-se difícil a uma faculdade sobreviver, onde os alunos se afastam da história da faculdade, do prestígio que ela outrora possuiu, e os docentes recordam com saudosismo o nome de um instituto, onde por muitas avaliações que se façam, caiu no esquecimento, onde a abertura não existe e se cai em sebastianismo que pouco honram aquilo que deve ser a faculdade, a universidade. A formação de relações internacionais, ciência política até gestão e administração pública são disso um exemplo. Mas foi. Já não é, pois o instituto se fechou em si mesmo, no seu mundo, no seu sistema, ignorando muitas vezes o que por lá fora se faz. Ou se calhar não ignorou, o que pode ter acontecido foi o facto de as constantes disputas pelo poder entre o corpo docente ter provocado um desvio daquilo que interessa ao ISCSP, faltou o comprometimento, um sentido de Estado. Mas também à comunidade discente falta um sentido de estado, pois também aqui se assistem a sucessivas lutas pelo poder, onde o interesse geral pela comunidade discente muito ou pouco teve a ver com tais lutas. Vários são os problemas que o ISCSP enfrenta e todos eles são apanágio dos problemas do ensino superior em geral. Falta discernimento ao corpo docente que a sua existência depende da quantidade de discentes que se consegue levar para um determinado estabelecimento de ensino, seja o ISCSP ou não. E isso só é possível agregando uma boa política de marketing, onde se mostre o nome, a uma capacidade de disponibilizar aos alunos meios de continuar os estudos, de instalações, de condições financeiras para realizar o estudo, criação de acordos de estágio que possibilitem uma melhor integração dos discentes no futuro mercado de trabalho. Os docentes poderiam responder com o facilitismo. Eu respondo: é a função da universidade. É um facto que o ensino público depende das medidas governamentais. Mas quantos docentes se afirmam contra o governo? É uma boa questão, quando muitas vezes nem os órgãos responsáveis pela defesa da comunidade discente o fazem, sejam Associações de Estudantes, seja principalmente os órgãos de gestão que tantas vezes se afirmam como anunciantes de decisões do Conselho Directivo perante a comunidade pela qual deveriam fazer valer os interesses junto das tais entidades superiores. O que aconteceria às faculdades se os alunos decidissem não mais estudar? Que aconteceria ao corpo docente? Qual o seu futuro? Existe uma simbiose de interesses, mas as partes precisam de exercer conjuntamente os seus deveres e direitos. Como pode uma faculdade como a Faculdade de Ciência Socais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, possuir propinas mínimas para todos os alunos e ainda assim atribuir bolsas de estudo em larga escala. Terão eles mais a percepção do que realmente é o ensino público. Ou saberão eles que quantos mais licenciarem sob a sua alçada, sob o nome de uma faculdade, e conseguirem coloca-los nos mais diversos empregos, melhor protegida está a faculdade. Lobbies grandes são necessários numa sociedade de luta de interesses individuais ou colectivos. Falta então ao ISCSP o sentido de que necessita de mais alunos, converter-se numa universidade de prestígio, que vai mais além do nome, que é realmente eficaz no propósito de formar licenciados. É também necessário, e por último abordar Bolonha. Que sistema é este. Diminui-se a licenciatura para três anos com o qual propósito. Facilita-se o mestrado com que propósito. E então a especialização está dependente da realização ou não de mestrado. Até que ponto o mercado quer mestres, que por tal título têm o direito de auferirem maiores rendimentos. O mercado que técnicos e isso não se consegue com redução de anos para conseguir uma licenciatura. Isto sim é facilitismo, não para os alunos, mas para as contas. O futuro vem aí. O que fazer dele depende de nós.

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