Procuramos o conhecimento. Não é apenas o “canudo” a catarse da vida de um estudante universitário, é todo o adquirir de conhecimento, “know-how”, sapientia, intelligentia, é a construção de novos preceitos conceitos mentais, estruturas de pensamento que muitas vezes se renovam. Mas neste processo é de extrema importância o contacto entre a comunidade de discentes e a comunidade de docentes, entre aqueles que querem aprender e os que podem dar o seu contributo no ensino, não digo dar as luzes, a iluminação como tantas vezes se afirma, pois somos nós próprios, enquanto estudantes que criamos as nossas luzes, mas a verdade é que os docentes representam um grande papel na construção do nosso pensamento. Mas é então que assistimos a que os discentes, grupo ao qual pertencemos, são avaliados discricionariamente, sem sentido racional, normas de avaliação comuns, e não por meros gostos pessoais como tantas vezes se aplica. Onde tantas e inúmeras vezes os docentes esquecem-se do seu dever para com a comunidade de discentes, que paga num ensino público cada vez mais privado – e onde os estudantes perdem cada vez mais o decision making power – para que a sua avaliação seja baseada em critérios comuns a todos os outros discentes de curso e turma, presentes na cadeira leccionada. Assistimos a um afastamento gradual entre o corpo de discentes e docentes, com os últimos a exercer o pleno poder sobre os primeiros. E assim torna-se difícil a uma faculdade sobreviver, onde os alunos se afastam da história da faculdade, do prestígio que ela outrora possuiu, e os docentes recordam com saudosismo o nome de um instituto, onde por muitas avaliações que se façam, caiu no esquecimento, onde a abertura não existe e se cai em sebastianismo que pouco honram aquilo que deve ser a faculdade, a universidade. A formação de relações internacionais, ciência política até gestão e administração pública são disso um exemplo. Mas foi. Já não é, pois o instituto se fechou em si mesmo, no seu mundo, no seu sistema, ignorando muitas vezes o que por lá fora se faz. Ou se calhar não ignorou, o que pode ter acontecido foi o facto de as constantes disputas pelo poder entre o corpo docente ter provocado um desvio daquilo que interessa ao ISCSP, faltou o comprometimento, um sentido de Estado. Mas também à comunidade discente falta um sentido de estado, pois também aqui se assistem a sucessivas lutas pelo poder, onde o interesse geral pela comunidade discente muito ou pouco teve a ver com tais lutas. Vários são os problemas que o ISCSP enfrenta e todos eles são apanágio dos problemas do ensino superior em geral. Falta discernimento ao corpo docente que a sua existência depende da quantidade de discentes que se consegue levar para um determinado estabelecimento de ensino, seja o ISCSP ou não. E isso só é possível agregando uma boa política de marketing, onde se mostre o nome, a uma capacidade de disponibilizar aos alunos meios de continuar os estudos, de instalações, de condições financeiras para realizar o estudo, criação de acordos de estágio que possibilitem uma melhor integração dos discentes no futuro mercado de trabalho. Os docentes poderiam responder com o facilitismo. Eu respondo: é a função da universidade. É um facto que o ensino público depende das medidas governamentais. Mas quantos docentes se afirmam contra o governo? É uma boa questão, quando muitas vezes nem os órgãos responsáveis pela defesa da comunidade discente o fazem, sejam Associações de Estudantes, seja principalmente os órgãos de gestão que tantas vezes se afirmam como anunciantes de decisões do Conselho Directivo perante a comunidade pela qual deveriam fazer valer os interesses junto das tais entidades superiores. O que aconteceria às faculdades se os alunos decidissem não mais estudar? Que aconteceria ao corpo docente? Qual o seu futuro? Existe uma simbiose de interesses, mas as partes precisam de exercer conjuntamente os seus deveres e direitos. Como pode uma faculdade como a Faculdade de Ciência Socais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, possuir propinas mínimas para todos os alunos e ainda assim atribuir bolsas de estudo em larga escala. Terão eles mais a percepção do que realmente é o ensino público. Ou saberão eles que quantos mais licenciarem sob a sua alçada, sob o nome de uma faculdade, e conseguirem coloca-los nos mais diversos empregos, melhor protegida está a faculdade. Lobbies grandes são necessários numa sociedade de luta de interesses individuais ou colectivos. Falta então ao ISCSP o sentido de que necessita de mais alunos, converter-se numa universidade de prestígio, que vai mais além do nome, que é realmente eficaz no propósito de formar licenciados. É também necessário, e por último abordar Bolonha. Que sistema é este. Diminui-se a licenciatura para três anos com o qual propósito. Facilita-se o mestrado com que propósito. E então a especialização está dependente da realização ou não de mestrado. Até que ponto o mercado quer mestres, que por tal título têm o direito de auferirem maiores rendimentos. O mercado que técnicos e isso não se consegue com redução de anos para conseguir uma licenciatura. Isto sim é facilitismo, não para os alunos, mas para as contas. O futuro vem aí. O que fazer dele depende de nós.
AD.
Bem vindos
Acabou de entrar numa Zona Iscspianista, caso não seja iscspianista, vírus horrorosos vão entrar pelo computador, subir pelas teclas, entrar nos dedos e caminho aberto para o Cérebro... acéfalos estão a salvo...(Há muitos por ai:)